Sobre dançar e desenhar

Faz algumas semanas, fui instigada pela queridona Alice Wapler, lá do Azul Anil Espaço de Arte, para escrever alguma coisa sobre dança, desenho, crianças… Isso, para o trabalho de conclusão de curso dela, mas aí fiquei com vontade de compartilhar aqui o resultado dessa provocação:

Desenho, linha, traço, ponto, borrão.

Marca e colore.

Forma. E deforma.
Onde eu desenho? Com o que posso desenhar? Como se desenha?

Não existe uma única resposta para cada uma dessas perguntas. Ainda bem!

Eu percebo meu corpo se movendo como um corpo que desenha. É um desenho feito no espaço, realizado através de minhas articulações, disposição de meu peso, direcionamento de partes. Ele pode ter um intuito nítido, um formato plenamente imaginável. Ou ser abstração.

No trabalho de dança com as crianças, ao introduzir a conscientização da relação do nosso corpo com o espaço, busco, em primeiro lugar, a ideia de que “dançar é desenhar com o corpo no espaço”, é “imaginar que podemos fazer desenhos no ar com nossos movimentos”. Isso, partindo primeiramente da representação, do desenho figurativo, ou seja, trabalhando com um imaginário possível: “como seria desenhar uma flor com os cotovelos?” Flor, sol, nuvem, casa, pessoas… Depois, partimos para o desenho das formas: “agora só pode dançar desenhando círculos!” E o que muda se forem quadrados? Quais as partes do corpo que posso usar para fazer esse desenho? E se for o corpo inteiro desenhando? Por fim, coloco em jogo a vontade de que esse desenho não seja mais nada que a gente conheça. Que seja uma dança inventada, um desenho que talvez nunca mais consigamos fazer igual. Um desenho-dança, ou uma dança-desenho, que fuja de qualquer coisa que já saibamos fazer. E que, importantíssimo, depois de tudo, seja impossível contar O QUE desenhamos, O QUE dançamos. Será somente necessário contar o que sentimos, que “DANÇAMOS DESENHANDO”…

Olívia, lindona, depois de uma aula!

 

 

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